Uma Barbie que, segundo a representante da associação de pais de crianças com Trissomia 21, talvez peque pelo exagero.
Acabou de chegar ao mercado uma nova Barbie, com Trissomia 21. É uma boneca diferente, mas Marcelina Souschek, representante da associação Pais 21, confessa que, ao olhar para a boneca, não identifica logo uma pessoa com Trissomia 21.
“É curioso que, em alguns fóruns internacionais, as pessoas diziam que esta Barbie é muito mais parecida com a mulher normal do que a Barbie tradicional porque não é tão alta, não tem a coluna enorme. Recolheram algumas características. Os olhos amendoados, que sabemos que sabemos que as pessoas com Trissomia 21 têm e esta Barbie, em relação às outras, também é mais baixinha”, explicou à TSF Marcelina Souschek.
Uma Barbie que, segundo a representante da associação de pais de crianças com Trissomia 21, talvez peque pelo exagero. Um exemplo disso são as órteses que esta boneca usa nos tornozelos.
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“Não conheço nenhuma criança com Trissomia 21 que use aquilo, nem um. Aquilo é algo que se usa quando são mais pequenos, para ajudar a segurar o pé. As pessoas com Trissomia 21 têm uma lassidão muscular. São bebés muito moles, custa muito a estar de pé, endireitar os pés e algumas crianças usam aquilo, ao início, para ajudá-las a manterem-se de pé, mas não é uma coisa que uma mulher use. Não conheço nenhuma”, afirmou a representante da associação Pais 21.
“Obviamente as empresas têm de viver e modernizar-se. E modernizar uma figura como a Barbie, que foi uma boneca com que eu, que já tenho mais de 50 anos, brinquei, é bom. Hoje temos uma consciência muito grande para a diversidade, pelo menos falamos muito nisto. Obviamente que é uma questão de marketing, mas penso que não será só isso também. É tornar também tornar o brinquedo acessível a todos, que se olhe para o brinquedo, que se fale da marca. Acaba por ser um golpe de marketing”, defendeu.
Apesar disso, para as associações ligadas à Trissomia 21 há aqui um claro ganho.
“Mais ninguém pode representar uma pessoa com Trissomia 21 senão ela própria. Nós, sem Trissomia 21, não sabemos o que é ter Trissomia 21 e o que é sentir ter isso. Portanto, se falarmos da representatividade, é positivo. Se lhe perguntar quantas pessoas com Trissomia 21 viu na rua no último mês, provavelmente vai dizer-me que não viu nenhuma. Não estão representadas. Têm de estar na rua para se representar a si próprias. Têm de estar na rua, no metro, na escola, têm de aparecer. Se esta Barbie servir para isto é um golpe de marketing muito bom e que ajuda as pessoas”, acrescentou Marcelina Souschek.